A tecnologia NFT em Portugal é um mercado em crescimento impulsionado, sobretudo, pela arte e pelo futebol.
Muitos são os portugueses que investem, sendo já possível comprar ativos digitais de obras de artistas portugueses. Muitas são as oportunidade em negócios que se vão gerando.
O NFT na arte, na sociedade e na economia
Quando falamos de mercado NFT em Portugal generalizamos às criptomoedas e à (ainda) não regulamentação, não havendo lugar, por isso, a mais valias a pagar exceto nas transações comerciais.
Segundo Fred Antunes, Presidente da Associação Portuguesa de Blockchain e Criptomoedas numa entrevista à Lusa “Esta é uma questão que é um pouco ilusória. Não são as criptomoedas, é a lei fiscal. Qualquer cidadão não português que venha viver para Portugal tem uma bonificação grande em termos de impostos, o país é atrativo por isso e pela gastronomia, pelo turismo, pelo clima, as criptomoedas vêm no pacote. Portugal “tem a oportunidade” de se posicionar à frente de outros países, “aproveitando e consolidando o ambiente ‘crypto-friendly’ devido a iniciativas como a Web Summit e da criação de diversos ‘tech hubs’, isto gera uma dinâmica entre empresas e compradores.”
Uma alteração de paradigma! Os atores assumem novas posições.
RealFevr
A RealFevr, é um negócio pioneiro em Portugal, fundado por Fred Antunes, que assume a disrupção nas relações de compra e venda. Negoceia em colecionáveis de futebol NFTs dando às pessoas momentos históricos e golos colecionáveis. Através de vídeos únicos os vídeos podem ser adquiridos e revendidos em marketplace próprio na plataforma.
Wonther
A marca portuguesa Wonther, fundada por Olga Kassian, criou a coleção Interlinked – True Connection, cinco NFT de jóias de exemplares limitados que também estão disponíveis em formato físico. Na realidade, o cliente ao comprar o NFT, no marketplace Opensea, cuja disponibilidade é limitada – de 18 de Março a 16 de Agosto – o que compra é a peça física com uma versão NFT, totalmente certificada de autenticidade.
A Loja do Gato Preto
A empresa portuguesa Loja do Gato Preto lançou recentemente um colecionável NFTs de arte digital – que “demonstra a importância dada pela marca à originalidade dos produtos e à conexão do comprador com a peça que adquire”. “New Cats on The Block” inspirado no ícone da marca – o gato – e na personalidade independente e irreverente do felino. Constituído por seis originais que simbolizam diversos “moods”: chill cat, angry cat, fashion cat, gothic cat, entre outros, figuras que resultam em diversas combinações e dão origem a 50 exemplares limitados e colecionáveis disponíveis no Marketplace OpenSea.
FNAC Portugal
A FNAC Portugal, irá transformar as obras dos vencedores do Novos Talentos FNAC 2022 em ativos digitais e comercializados no marketplace Mintabase assente na blockchain NEAR.
Na arte, também os NFTs não estão somente a revolucionar o mercado como a influenciar adaptação dos agentes a um posicionamento. Aqui, temos vindo a assistir a movimentos de artistas, a exposições e conferências sobre a arte digital e a tecnologia NFT.
Fazemos aqui um parêntesis para assinalar a abertura do Seattle NFT Museum, na cidade de Seatle nos EUA, que se proclama como o primeiro museu do mundo voltado para a cripto arte (arte NFT): a chamada “arte do futuro”, onde a arte digital ganha maioridade. Aqui vive-se a experiência de um museu, assim como com qualquer outro tipo de arte”, como explica Jennifer Wong, uma das fundadoras.
Exposições NFT conquistam cada vez mais espaços físicos de exibição.
A CryptoArtCulture posiciona-se na “fisicalidade” do NFT, e marcou o pioneirismo em Portugal com a primeira exposição de arte NFT, de um artista a solo, em espaço galeria, ainda em 2021.
Procedimentos aplicados pela CryptoArtCulture à série kW da coleção Electra, de Galla, – obras de arte codificadas com tecnologias NFT, com nova forma de divulgação e possibilidade de efetuar compras em marketplaces (sites especializados na venda de NFT), como o OpenSea, na própria exposição, são também usados por outros artistas e coletivos.
Na vertente mais purista, a The Underdogs, como forma de eternizar a Street Art, apresentou, em maio de 2021, obras de Vihls, artista português, que atualmente integra um coletivo de obras NFT de 43 artistas portugueses na mostra digital PT43NFT, durante 43 dias (desde a sua abertura em 4 de fevereiro), na galeria on line On Cyber.
Em comum, pese embora, as diferentes formas de exibição, estão trabalhos codificados em tecnologia NFT, que funcionam como atestado de originalidade válida, não sujeitos à análise de críticos nem de especialistas para certificarem a autoria das obras, alojadas em sites da blockchain, com possibilidade de compra de obras digitais, de artistas renomados ou emergentes, como Galla, obras de arte sacra, na Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ou até em propriedade fracionada de um NFT, um dos 125 mil NFT de uma imagem de S. Francisco Xavier.
Em 2021, o artista Leonel Moura, pioneiro da arte robótica em Portugal, apresentou em maio, a série “Machine Beauty“, de sua autoria, como a primeira obra ‘NFT’ do Centro Português de Serigrafia, em Lisboa.
Eventos NFT, conversas, encontros e exposições
Lisboa tem sido palco de variadíssimos eventos, com a exceção da cidade do porto, que em novembro de 2021 deu as mãos aos NFT, onde decorrem os primeiros eventos sobre a temática que surgem em grande parte devido às políticas de fomento de criação de hubs e da realização do Websummit.
Um dos grandes eventos decorreu em Outubro de 2021, organizado pela NEAR para anunciar financiamentos da plataforma blockchain e livre de carbono.
Também na vertente educativa os NFTs têm sido alvo de atenção na formação de novos agentes.
Encontros e conversas de literacia e do estado da arte da investigação e desenvolvimento de NFTs em Portugal tiveram lugar em 23 de Novembro, no Pavilhão do Conhecimento em 24, na Árvore – Cooperativa Artística, no Porto, a conversa sob o tema cripto arte: uma nova era, um novo ecossistema.
Sobre nft: arte, negócios, plataformas, marketplaces vai decorrer em Lisboa o evento europeu de NFT “Non Fungible Conference”, 4 e 5 de Abril, com palestras, painéis, workshops e experiências que reúnem artistas, projetos, plataformas, colecionadores e investidores da comunidade global NFT. Vamos poder compreender in loco do que se fala quando o tema é NFTs.
Voltaremos, em Abril, para trazer até cá o que lá se discute, ouve e vê e para noticiar sobre as possibilidades que o NFT pode trazer na descentralização e na participação social.
Até lá podemos ter contacto e desenvolver conhecimentos através de programas de formação sobre blockchain e negócios, em Portugal.
Dirigida a executivos, a formação Blockchain & Smartcontracts, decorre em Lisboa numa parceria entre a Católica-Lisbon Escola de Economia e Gestão e o Técnico+.
A título gracioso e em português, inicia este mês, e outros se seguirão, o curso Blockchain – Introdução, no Cinel, presente no Porto e em Lisboa. Estas ações decorrem online e por isso qualquer pessoa a viver em qualquer outro ponto do país poderá inscrever-se.
Permanentemente alguns conceitos e explicações podem ser vistos no website da Binance.
Artigo e Pesquisa | Maria João Matos