NFT, é eleita a palavra do ano 2021 pelo britânico Dicionário Collins que mantendo a sua tradição, divulgou a palavra do ano vencedora. A sigla NFT (Token não fungível), superou as concorrentes “crypto” e ”metaverso” para conquistar a posição de destaque neste ano.
De acordo com a publicação, o termo NFT sofreu um aumento “meteórico” de 11.000% na sua utilização em relação ao ano de 2020, o que fez com que ele estivesse por toda a parte, desde a internet até aos museus e casas de leilões.
Atualmente, existe um público disposto a pagar grandes quantias para ter NFTs originais de artistas de renome. Apesar do mercado de cripto arte existir desde 2018, o seu crescimento iniciou-se em meados de 2020, e o “boom” aconteceu em fevereiro de 2021, com o volume de obras a ultrapassar os US$ 78 milhões, equivalente a €68,8 milhões.
A Explosão da Cripto Arte
Beeple, o artista digital, Mike Winkelmann é conhecido pela sua contribuição no mundo da arte digital através do seu projeto artístico Everydays, cuja proposta se resume à publicação diária de uma arte digital no seu site desde maio de 2007. No momento da elaboração deste projeto contam-se 5344 dias.
Em 2021 parte destas obras (13 anos de trabalho) foram reunidas sob a forma de NFT em Everydays: The First 5000 Days, algo único na história da arte digital, representadas no mercado colecionador pela Galeria Christie’s tornando-se a 3ª obra digital mais cara de um artista vivo: US$ 69 milhões.
The Currency em 2021, marca a entrada do consagrado artista britânico Damien Hirst no universo dos NFTs, que questiona esta arte e o seu valor. Neste novo trabalho, o artista inglês disponibiliza a obra em formato físico e digital e testa os limites entre estes dois mundos. O artista explora os limites entre a arte e a moeda – quando a arte se torna uma moeda e quando a moeda se torna arte.
A casa de leilões Sotheby’s reportou US$ 100 milhões em vendas na sua nova categoria NFT, com licitantes a reunirem-se, pela primeira vez, na sua galeria virtual em Decentraland, para adquirirem os colecionáveis Bored Ape Yacht Club e CryptoPunk, de acordo com um relatório de revisão sobre o ano de 2021.
Museus e galerias NFT
Museus e galerias exclusivamente NFT surgem globalmente em 2021. A Superchief, em Nova York, foi a pioneira, sendo seguida por: Crypto Portal.art (Praga), Kiwie Space (Latvia), Blackdove (Miami), imnotArt (Chicago), Bright Moments (Venice Beach), Seattle NFT Museum (Seattle).
Hermitage Museum e Underground Museum Moscow (Rússia), The Museum of Art and Philosophy (Austrália), Francisco Carolinum Linz (Áustria), Museum of African Art (Holanda) e o National Museum of Liverpool (Inglaterra), são exemplos de museus tradicionais que já cedem espaço para o NFT em sua agenda de exposições.
A NFT Magazine realizou o seu primeiro evento em novembro de 2021, a Crypto Art Fair, na Times Square, em Nova York. O evento aconteceu através de um grande “billboard” de 15.000 m2 exibindo durante 24 horas trabalhos de mais de 70 cripto artistas. Após o sucesso mundial do evento, a NFT Magazine em parceria com a Blockchain World realiza, em dezembro, a Crypto Art Fair, Arte Dubai (Emirados Árabes Unidos), um enorme festival interativo de blockchain atraindo mais de 20.000 visitantes presenciais e alcançando milhões de espectadores globais online.
Após ter a sua edição de 2020 cancelada, a Art Basel, um dos eventos mais importantes do mundo da arte, retorna em 2021 com os NFTs como foco principal. A Art Basel Miami Beach atraiu 60.000 pessoas em sua execução, solidificando o novo destaque com conversa oficial dedicada ao tema, entitulada “Navigating the NFT Art Market”.
Em Portugal, na cidade do Porto é apresentada a primeira exposição a solo de cripto arte: edição kW de Electra com assinatura de Galla e em Lisboa o primeiro festival europeu de cripto arte Rare Effect Vol2.
Market places
Market places possibilitando a aquisição de NFTs de consagrados e novos artistas e um novo posicionamento para a arte. Em destaque a Maecenas, uma plataforma de investimento em arte, que através da tokenização de “masterpieces”, fraciona-as, democratizando a aquisição de frações de obras de artistas como: Picasso, Monet e Warhol.
NFT fracionados democratizam a arte e abrem a possibilidade aos detentores das frações de arte de contribuírem para o desenvolvimento de projetos sustentáveis desenvolvidos pela tecnologia blockchain, prof-of-stake.
Marcas, Mercado e Vendas de NFT
Não foi somente a cripto arte que explodiu no ano 2021, a tecnologia NFT não encontra barreiras na sua adoção e importantes marcas mundiais já vêm nela um disruptivo ângulo de negócios: Adidas, Nike, Coca-Cola, Mcdonald’s, Warner Bros, Gemini, Burberry, Louis Vuitton e Gucci são exemplos de grandes marcas que já incorporaram a tecnologia NFT em suas estratégias de marketing e vendas.
As vendas de tokens não fungíveis (NFTs) cresceram de US$ 41 milhões equivalente a €36,2 milhões em 2018 para US$ 2,5 bilhões equivalente a €2,2 biliões no primeiro semestre de 2021, representando um crescimento 60 vezes superior, em três anos e meio.
O ano 2021 aponta o seu término com um valor de vendas NFT a acender a US$ 17,7 bilhões correspondente a €15,6 bilhões, dos quais US$ 3,5 bilhões correspondente a €3 bilhões se concentram em cripto arte.
Artigo e Pesquisa | Marcus Ferreira | Maria João Matos